09/09/2015

História e identidade

A Educação é um processo que não se restringe às instituições escolares, pois ao longo de toda a história da humanidade diversos grupos sociais promoveram a formação de crianças e jovens.

O ato de educar é mais complexo do que a apreensão de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades e competências, contextos inerentes às escolas, uma vez que envolve outros importantes fatores.

Segundo o professor espanhol Fernando Savater, na cadeia da vida no planeta, os seres vivos já nascem sendo, mas os humanos necessitam de uma confirmação posterior, isto é, precisam, constantemente, nascer de novo por meio de uma ininterrupta aprendizagem pautada na relação com a natureza e, sobretudo, com os outros seres humanos.

A partir de seu nascimento, a criança aprenderá por toda a vida e nessa complexa trajetória, os adultos e a sociedade serão os modelos, o que caracteriza um permanente processo pedagógico.

O ser humano, ao se fazer pelo aprendizado, necessitará da educação formal, onde o papel da escola costuma ganhar destaque, mas outros agentes precisam ser chamados para essa tarefa, sobretudo a família.

Atualmente, está em pauta a questão da crise da Educação, mas por que isso ocorre já que as crianças e jovens contam com tantos sujeitos envolvidos em seus processos de formação?

A resposta, talvez, poderia ser encontrada na perda da tradição, não no sentido de apego às amarras do passado, como diria a filósofa Hannah Arendt, mas em uma perspectiva de profundidade que implicaria no resgate de valores e culturas, principalmente familiares.

Quem sou? De onde eu vim? Onde estou? Para onde vou? Essas intrigantes problematizações devem fomentar projetos de trabalho em todas as escolas atentas à construção de valores e da identidade de seus alunos.

No Colégio Pentágono, anualmente, tal perspectiva ganha forma e força ao dar vez e voz aos familiares, sobretudo aos avós dos alunos do 6º ano do EF II por meio do chamado Projeto Identidade.

As várias disciplinas da série são chamadas para o desenvolvimento de diversas atividades envolvendo o aluno e sua família, entre elas a escrita de autobiografias, relatos pessoais e cartas aos avós, o resgate de fotografias e documentos, a construção da linha do tempo da vida do aluno, a elaboração de árvore genealógica e mapas de ascendência, a organização de mostra das relíquias e até mesmo a socialização de receitas culinárias recheadas de afetividades.

Uma vez que “nascemos constantemente”, necessitamos das nossas histórias como um segundo coração que bate em nós.

Américo Santos
Coordenador do Ensino Fundamental II do Colégio Pentágono